sábado, setembro 22, 2007

Um poema



“A maior riqueza do homem é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou – eu não aceito.
Não agüento ser apenas um sujeito que abre
portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que
compra pão às 6 horas da tarde, que vai lá fora,
que aponta lápis, que vê a uva etc. etc.
Perdoai.
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.”

(Manoel de Barros, em Retrato do Artista Quando Coisa)

sábado, setembro 15, 2007

Mais uma canção


EN EL MUELLE DE SAN BLAS
(Maná)

Ella despidió a su amor
el partió en un barco en el muelle
de San Blas
Él juró que volvería y empapada en llanto
ella juró que esperaría
miles de lunas pasaron
y siempre ella estaba en el muelle, esperando
muchas tardes se anidaron
se anidaron en su pelo y en sus labios

Llevaba el mismo vestido
y por si él volviera no se fuera a equivocar
los cangrejos le mordían
sus ropajes, su tristeza y su ilusión
y el tiempo se escurrió
y sus ojos se le llenaron de amaneceres
y del mar se enamoró
y su cuerpo se enraizó en el muelle

Sola, sola, en el olvido
sola, sola con su espíritu
sola, sola con su amor el mar
sola, en el muelle de San Blas

Su cabello se blanqueó
pero ningún barco a su amor le devolvía
y en el pueblo le decían
le decían la loca del muelle de San Blas
y una tarde de abril
la intentaron trasladar al manicomio
nadie la pudo arrancar
y del mar nunca jamás la separaron

Sola, sola, en el olvido
sola, sola con su espíritu
sola, sola con su amor el mar
sola, en el muelle de San Blas

Sola, sola, en el olvido
sola, sola con su espíritu
sola, sola con el sol y el mar
sola, sola, sola en el olvido
sola, sola con su espíritu

Sola, sola con su amor el mar
sola, en el muelle de San Blas
se quedó, se quedó, sola, sola
se quedó, se quedó, con el sol y el mar
se quedó ahí, se quedó, hasta el fin,
se quedó ahí, se quedó, en el muelle de San Blas

Sola, sola se quedó.

domingo, setembro 09, 2007



As Rosas
(Sophia de Mello Breyner Andresen)

Quando à noite desfolho e trinco as rosas
É como se prendesse entre os meus dentes
Todo o luar das noites transparentes,
Todo o fulgor das tardes luminosas,
O vento bailador das primaveras,
A doçura amarga dos poentes,
E a exaltação de todas as esperas.

domingo, agosto 05, 2007

Três poemas de Miguel Torga



Santo e Senha


Deixem passar quem vai na sua estrada.

Deixem passar

Quem vai cheio de noite e de luar.

Deixem passar e não lhe digam nada

Deixem, que vai apenas

Beber água de sonho a qualquer fonte;

Ou colher açucenas

A um jardim que ele lá sabe, ali defronte.

Vem da terra de todos, onde mora

E onde volta depois de amanhecer.

Deixem-no pois passar, agora

Que vai cheio de noite e solidão

Que vai ser uma estrela no chão.



* * *


Miragem


Passa o navio ao largo dos meus olhos.

(Os meus olhos, agora, são azuis,

Imensos e navegáveis…)

Passa moroso, como um desejo

Insatisfeito.

Passa, e morre desfeito

Em bruma de ilusão

Na curva do horizonte cruciante

Que cerca a solidão

De quem sonha, tolhido, um cais distante…


* * *



Lírica


No meu jardim aberto ao sol da vida,

Faltavas tu, humana flor da infância

Que não tive....

E o que revive

Agora

À volta da candura

Do teu rosto!

O recuado Agosto

Em que nasci

Parece o recomeço

Doutro destino:

Este, de ser menino

Ao pé de ti. . .

sábado, junho 30, 2007

Rumi



Encontrei, achei interessante, trago para cá:



Teu amor me tirou de mim.
De ti, preciso de ti
Noite e dia, eu queimo por ti.
De ti, preciso de ti.
* * *
Não posso dormir quando estou contigo
por causa de teu amor.
Não posso dormir quando estou sem ti
por causa de meu pranto e gemidos.
Passo as duas noites acordado
mas, que diferença entre uma e outra!
* * *
Não temos nada além do amor.
Não temos antes, princípio nem fim.
A alma grita e geme dentro de nós:
- Louco, é assim o amor.
Colhe-me, colhe-me, colhe-me!
* * *
A fé da religião do Amor é diferente.
A embriaguez do vinho do Amor é diferente.
Tudo que aprendes na escola é diferente.
Tudo que aprendes do Amor é diferente.
* * *
- Vem ao jardim na primavera, disseste.
-Aqui estão todas as belezas, o vinho e a luz.
Que posso fazer com tudo isso sem ti?
E, se estás aqui, para que preciso disso?
* * *
(Jalaluddin Rumi, poeta sufi)

sábado, junho 16, 2007

Uma canção para o outono



Pequenas Coisas
(César de Mercês / Sérgio Magrão)

Trago um pedaço da noite
Junto comigo
Bebo outro gole, outra chuva,
Corro perigo
Cada instante que ouço bater
Meu coração dentro de mim

Ouço as palavras do vento
Me confessar
Que desde o início dos tempos
Busca chegar
Onde possa se transformar
Numa brisa
Pra transportar e guardar

O perfume das flores
Os pequenos murmúrios
Folhas tristes do outono
E o jeito do amor

Sigo no rumo da manhã
Rindo sozinho
Dos pensamentos que tenho
Com festa e vinho
O ar da noite sopro de vida
Me lembrando
O que eu esqueço existir

O perfume das flores
Os pequenos murmúrios
Folhas tristes do outono
E o jeito do amor

domingo, junho 10, 2007

hoje



El silencio

Oye, hijo mío, el silencio.
Es un silencio ondulado,
un silencio,
donde resbalan valles y ecos
y que inclina las frentes
hacia el suelo.

Federico García Lorca