sexta-feira, maio 25, 2007

Humildade




Humildade

Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza tal como sempre foi.
Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.

Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada caindo mansa,
longa noite escura numa terra sedenta
num telhado velho.

Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita, minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão, pedras e tábuas remontadas.


E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa.


Cora Coralina