quarta-feira, julho 27, 2005

As sombras da vinha


(Photo by Eliane)


Quero estar rente a tudo,

roçando as vísceras, cheirando a acúmulos.

Quero apresentar-me com a cara e as mãos

de quem acabou de fuçar as hortas.

Em desalinho, em farpas,
em suor misturado
aos sucos, com manchas
de frutas que não alvejam.
Os cabelos emaranhados
de folhas e presságios.
As sardas da longa
exposição à inclemência.
Quero ser, da poesia,
o bicho mais bravio.
(Fabrício Carpinejar)