As sombras da vinha
(Photo by Eliane)
Quero estar rente a tudo,
roçando as vísceras, cheirando a acúmulos.
Quero apresentar-me com a cara e as mãos
de quem acabou de fuçar as hortas.
Em desalinho, em farpas,
em suor misturado
aos sucos, com manchas
de frutas que não alvejam.
Os cabelos emaranhados
de folhas e presságios.
As sardas da longa
exposição à inclemência.
Quero ser, da poesia,
o bicho mais bravio.
(Fabrício Carpinejar)